quarta-feira, 22 de outubro de 2008

O homem que conheceu Deus. Pessoalmente.

Pessoal,

Esse post vai mudar a vida de vocês. Ninguém mais vai conseguir frequentar o YR religiões depois de ler isso aqui.

Eu conversei com um homem hoje que conheceu Deus.

Pessoalmente.

Pelo meio da tarde, em um momento de confusão mental maior do que o normal (ando meio confuso nos últimos dias), peguei um café e fui para o jardim aqui da empresa.

Quem me esperava, mastigando seu cigarrinho de palha, coçando a cabeça, pronto para dividir seu conhecimento?

O Seu Nilo.

O Seu Nilo é uma espécie de lenda urbana aqui da empresa. Ninguém sabe direito a História dele, ninguém sabe direito onde ele mora... E o melhor de tudo, ninguém NUNCA VÊ o Seu Nilo trabalhando.

Se você sair 55 vezes para o jardim, ele sempre estará lá, onipresente, prestes a distribuir sabedoria (para aqueles que buscam, claro. A maior parte ignora que ele está lá).

Eu nunca vi ele EFETIVAMENTE mexendo na terra, aparando a grama ou preparando as mangueiras de irrigação, mas como o jardim esta sempre bonito e bem-cuidado, tenho que imaginar que em algum momento ele faz o que deve ser feito.

Mas vamos ao post, senão me prolongo demais. Estou lá, pensando na vida, quando o Seu Nilo vira pra mim e, do mais absoluto nada, diz "Seu Neo, o senhor acredita em Deus?".

Fiquei confuso por um tempo, indeciso entre dizer que não acreditava ou tentar explicar como é a versão do Deus em que acredito, mas optei pela versão covarde - e notavelmente mais rápida - que uso na maior parte das vezes e disse "Acredito sim, Seu Nilo. Por que?"

O Diálogo abaixo tenta reproduzir da melhor forma possível a revelação que ele me fez:

- Sabe o que é, Seu Neo... O senhor não vai acreditar em mim, mas eu conheço Deus.
- É mesmo?
- É, sim senhor.
- Seu Nilo, dá pra parar de me chamar de "senhor". Chama só de Neo.
- Pode deixar, seu Neo. A partir de agora, só chamo o senhor de Seu Neo.
- ...
- Liga não, seu Neo. Pau que nasce torto, nunca se interpreta.
- ...
- Mas então, eu tava te contando... Eu já vi Deus. Em carne e osso.
- Em carne e osso, Seu Nilo? Assim, carne e osso que nem eu aqui?
- Poizé.
- Sei. Onde o senhor viu Deus, seu Nilo. Na igreja?
- Não. Num buteco. Lá no interior da Pernabuco, na cidade onde eu morava.
- Num... buteco? Fazendo o que, seu Nilo?
- Tomano pinga. O que Deus ia tá fazendo no buteco?
- ... Faz sentido. Mas como você sabe que ele era Deus, seu Nilo?
- Quando eu entrei no bar, senti um negócio diferente. Tava um calorão daqueles, aquela terra batida que dava pra fritar uma galinha, o dono do bar, que era um cumpadre meu, limpando os copos... E o sujeito lá no balcão, atarracado, baixinho... Parecia peão, mas tinha um ar assim de coronel, sabe?
- Sei.
- Aí ele olhou bem no meio dos meus doisóio, botou a mão no meu ombro e falou "Vem, vamo andá, seu Nilo."
- Ele chamou o senhor de "seu Nilo?"
- Foi. Aí que eu achei estranho, né? Mas aí a gente saiu andano e ele falou, "Seu Nilo, sabe quem eu sou? Eu sou Deus".
- E o senhor, seu Nilo, fez o que?
- Bão, eu tirei meu chapéu, e tava pronto pra dá uma coçá no homem, mas ele tinha um ar estranho, de toridade, sabe? Aí antes de eu fala alguma coisa, ele falou "Eu tava meio enjoado de ficá nas nuve vendo os anjos, e vim andá um poco por aqui, e tomá umas pinga, porque nem Deus é de ferro, né seu Nilo?"
- Ele não pode ter falado isso, seu Nilo!
- Juro pela arma de todas as minha filha, seu Neo. Ele falô que nem Deus era de ferro. E aí eu acreditei nele, sabe?
- E depois?
- Bom, despois ele falô umas coisas estranha, que eu nem lembro direito...
- Porra, seu Nilo... O senhor esteve frente a frente com Deus e não lembra o que ele falou?
- É que eu tinha tomado umas em casa, já... Tava indo no bar buscar mais pinga... Cê sabe né, seu Neo, pau que nasce torto...
- Nunca se interpreta, sei. Mas assim, o senhor não aproveitou a oportunidade pra perguntar pra Deus porque a região de Pernambuco, que ele gostava de passear, tava sendo tão castigada com tanta seca, com tanta pobreza?
- Mas é claro que eu perguntei, seu Neo. Foi a PREMERA coisa que eu perguntei.
- E o que ele falou, seu Nilo?
- Bão... Ele olhou bem no fundo dos meus dosóio e falou assim "Sabe o que é, seu Nilo? O mundo tá ruim porque os homi é tudo um bando de fidaputa".

Eu tenho que ser muito honesto com vocês que, depois dessa revelação, não me lembro muito bem da conversa. Minha cabeça já não estava essas coisas, e o fato de Deus estar tomando pinga em um buteco no interior de Pernambuco e falando que o mundo está do jeito que está por que os "homi é tudo um bando de fidaputa" fez um sentido gigantesco para mim.

Eu só me lembro de uma coisa, que ele falou depois, em outro sentido totalmente diferente. Não me lembro o que eu tinha falado para ele, mas ele respondeu "Não esquenta a cabeça, seu Neo. Não tem mal que não venha pro mal".

Eu agradeci com a cabeça e voltei a trabalhar.

Se eu pudesse, ficava o dia inteiro falando com o Seu Nilo.

Abraços,

Neo

2 comentários:

Anônimo disse...

Seu Nilo, o Sassá Mutema da vida real.

Anônimo disse...

Seu Nilo, seu Nilo... que figura!
Ana